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“Servidor não vai pagar nada até fevereiro”: Sérgio Ricardo anuncia trégua histórica contra juros abusivos dos consignados em Mato Grosso

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JB News
por Nayara Cristina
Os empréstimos consignados se tornaram um dos maiores pesadelos dos servidores públicos de Mato Grosso. Endividados, com salários comprometidos por taxas que ultrapassaram os 120% ao ano, milhares de trabalhadores estaduais viram suas rendas desaparecerem em descontos automáticos e cobranças abusivas. A situação, classificada por autoridades como um colapso financeiro silencioso, vem sendo tratada como prioridade pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), pelo Ministério Público e pela Assembleia Legislativa, que agora unem forças para frear os abusos e devolver dignidade ao funcionalismo.
Nesta segunda-feira, o presidente do Tribunal de Contas, conselheiro Sérgio Ricardo, esteve na Assembleia Legislativa do Estado para discutir com o presidente Max Russi e demais parlamentares um plano emergencial que prevê a suspensão dos pagamentos de empréstimos consignados até fevereiro de 2026. “O servidor não vai pagar nada até o Natal, nem em janeiro e fevereiro. Eles precisam respirar, precisam ter o direito de viver dignamente e comprar o material escolar dos filhos”, afirmou o conselheiro, em tom firme. Segundo ele, a medida faz parte de um esforço conjunto para corrigir o que classificou como “uma distorção grotesca” no sistema de crédito consignado de Mato Grosso.
De acordo com o levantamento do próprio Tribunal de Contas, mais de 90 mil contratos de empréstimos foram firmados nos últimos anos com servidores públicos estaduais, muitos deles com falhas graves de documentação, ausência de assinatura, e cláusulas consideradas abusivas. Cerca de 60 mil desses contratos estão sob revisão. “Nós identificamos juros de até 5,5% ao mês. Nenhuma factory cobra isso. O servidor foi explorado e agora o Estado tem o dever de corrigir o erro”, denunciou Sérgio Ricardo.
A proposta em debate entre o TCE e a Assembleia prevê a anulação de parcelas vencidas, revisão das taxas de juros, redução do saldo devedor e a suspensão total das cobranças até o fim de fevereiro do próximo ano. O conselheiro detalhou ainda que os débitos poderão ser renegociados com prazos mais longos e juros simbólicos. “O servidor vai poder escolher como pagar. Se quiser dividir em 96 prestações, paga um valor menor e quase nem sente. A ideia é reestruturar tudo, com humanidade e justiça”, explicou.
Além da trégua imediata, Sérgio Ricardo propôs a criação de uma nova linha de crédito público, abastecida com recursos de fundos estaduais, para substituir o sistema atual. A ideia é que o próprio Estado passe a conceder empréstimos a juros sociais, reduzindo a dependência de instituições privadas e evitando o endividamento em massa. “Nós temos fundos com mais de R$ 200 milhões parados. Esse dinheiro pode ser usado para emprestar aos nossos servidores com juros lá embaixo. É possível emprestar e continuar ganhando, sem explorar ninguém”, completou.
A Assembleia Legislativa manifestou apoio às medidas e deve encaminhar ainda nesta semana um cronograma de votação de um pacote de leis que regulamente o novo modelo. A proposta também prevê um pente-fino em todas as empresas de crédito consignado credenciadas pelo governo estadual e a exigência de novo processo de credenciamento, com auditoria independente e regras mais rígidas de transparência.
Segundo Sérgio Ricardo, a meta é “encerrar o mais rápido possível essa vergonha dos consignados” e devolver o equilíbrio financeiro a milhares de famílias. “Essas empresas agiram como verdadeiras usurárias, praticando juros que nem o mercado paralelo cobra. Isso acabou. O Tribunal de Contas e a Assembleia estão unidos, e o servidor vai sair dessa situação com a cabeça erguida”, concluiu o conselheiro, em tom de determinação.
A medida é vista como um marco histórico no enfrentamento da exploração financeira sobre o funcionalismo público. Caso seja confirmada, a suspensão temporária dos pagamentos trará alívio imediato a milhares de servidores endividados e abrirá caminho para uma reformulação completa do sistema de crédito consignado em Mato Grosso, que até aqui operava sem fiscalização adequada e sob taxas consideradas impagáveis.
Veja:

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Antonio Joaquim propõe que municípios ricos financiem regiões pobres

Debate reforça conclusões de auditoria sobre concentração de incentivos fiscais
Crédito: Tony Ribeiro/TCE-MT |
Conselheiro-relator, Antonio Joaquim. Clique aqui para ampliar |
O conselheiro do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) Antonio Joaquim defendeu que municípios mais ricos, que são beneficiados com incentivos fiscais ajudem os municípios mais pobres, por meio do Fundo de Desenvolvimento Econômico e Social (FUNDES). A sugestão foi apresentada durante a sessão ordinária desta terça-feira (7).
Antonio Joaquim destacou o fortalecimento econômico de municípios como Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, cujos orçamentos anuais já se aproximam de R$ 1 bilhão. “Eu fico feliz de ver esses municípios tão fortalecidos do ponto de vista econômico e financeiro, mas precisamos olhar para as desigualdades gritantes que ainda persistem em Mato Grosso”, observou.
O posicionamento também considerou auditoria do TCE-MT que identificou R$ 10,8 bilhões em incentivos fiscais concentrados majoritariamente em municípios de maior porte econômico. Sob relatoria de Antonio Joaquim, o processo apontou que embora representem investimentos importantes, os benefícios não estão reduzindo as desigualdades regionais.
Além disso, o FUNDES dispõe de R$ 641 milhões, mas não vem sendo executado. A partir desse diagnóstico, ele propôs que os gestores avaliem a possibilidade de os municípios com maior arrecadação destinarem um percentual de seus orçamentos ao fundo estadual, contribuindo diretamente para o desenvolvimento das regiões menos favorecidas.
“Será que seria tão inaceitável que um município rico pudesse consignar no seu orçamento uma parcela de ajuda a um fundo para diminuir as desigualdades no estado? Seria um gesto de solidariedade da população desses municípios com o resto do povo de Mato Grosso”, questionou o conselheiro.
Em sua avaliação, parte dos recursos poderia ser aplicada em creches e educação infantil, área que ainda apresenta déficit de 12 mil vagas, por exemplo. “É um gesto muito humanitário, de muita solidariedade. Não sei se é possível do ponto de vista legal, mas acredito que tudo é possível quando há boa vontade em diminuir as desigualdades do estado”, concluiu.
Auditoria sobre os incentivos fiscais
A auditoria conduzida pelo conselheiro mostrou que, em 2023, os 75 municípios menos beneficiados dividiram apenas 1% dos incentivos, o equivalente a R$ 44 milhões, enquanto cidades com estrutura econômica receberam a maior parte. Sobre o FUNDES, que deveria financiar projetos de desenvolvimento local, foi constatado que parte expressiva dos recursos foi usada para custeio da máquina pública.
“Com isso, acabam ficando em segundo plano as regiões menos desenvolvidas, justamente aquelas que mais necessitam de políticas de estímulo ao crescimento econômico. Na prática, os benefícios fiscais concentram-se em áreas com infraestrutura consolidada, em detrimento das regiões mais carentes”, destacou o conselheiro.
Secretaria de Comunicação/TC
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