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Inpo completa dois anos como referência nacional em ciência e inovação voltadas ao oceano

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O oceano cobre mais de 70% da superfície do planeta e exerce papel fundamental na regulação do clima, na produção de oxigênio e na manutenção da vida na terra. No entanto, o conhecimento sobre ele ainda é limitado, especialmente sobre o Atlântico Sul, região que abriga grande parte da costa brasileira. Foi com o propósito de mudar esse cenário que nasceu, em outubro de 2023, o Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (Inpo), organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

O instituto surgiu de um movimento iniciado ainda em 2013, quando 37 pesquisadores brasileiros se uniram com o desejo de criar uma entidade dedicada exclusivamente ao oceano, um espaço de articulação científica e tecnológica capaz de colocar o tema entre as prioridades nacionais. Uma década depois, esse sonho se tornou realidade. O Inpo foi oficialmente criado em 13 de outubro de 2023, marcando um novo capítulo para a ciência oceânica no Brasil.

Desde então, o Inpo vem se consolidando como uma referência nacional em ciência, tecnologia e inovação voltadas ao mar, reunindo universidades, centros de pesquisa, redes temáticas e empresas em uma ampla rede que hoje ultrapassa 1,4 mil pesquisadores e instituições parceiras. O objetivo é comum: produzir conhecimento, desenvolver tecnologias e fortalecer a governança oceânica baseada em sustentabilidade.

De acordo com informações da própria organização social, estão em andamento três projetos estruturantes que formam a base de sua atuação científica e tecnológica: Observação Oceânica, Instrumentação Oceanográfica e Gestão de Dados. Todos eles têm o objetivo de ampliar a capacidade nacional de entender, monitorar e proteger o oceano brasileiro, com foco especial no Atlântico Sul.

“O Inpo é um centro de referência em ciência, tecnologia e inovação voltado para o tema do oceano no Brasil. Uma das missões é promover a troca de conhecimentos e desenvolver parcerias com instituições nacionais e estrangeiras, coordenando trabalhos multidisciplinares e projetos de alcance global”, afirma o diretor-geral do Inpo, Segen Estefen.

Oceano sustentável

A atuação do instituto tem se destacado por integrar áreas como observação oceânica, modelagem numérica e inteligência artificial, criando plataformas digitais capazes de simular a dinâmica do oceano e sua interação com o clima, os ecossistemas e as atividades humanas. “O Inpo surge de uma demanda histórica da comunidade oceânica do Brasil, em meio a muitas mudanças, tanto no aspecto regulatório, quanto nas urgências que o meio ambiente marinho impõe. Ao se propor a trabalhar na fronteira entre pesquisa, capacitação e infraestrutura, constrói sua identidade estabelecendo pontes entre as áreas das ciências oceânicas, para benefício da sociedade”, explica o diretor de Pesquisa e Inovação, Andrei Polejack.

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Entre as iniciativas em andamento estão:

  • Observação Oceânica: utiliza sensores e instrumentos para monitorar o mar e compreender seus processos físicos, químicos e biológicos
  • Centro de Instrumentação Oceanográfica: responsável pela calibração dos equipamentos e pelo desenvolvimento de novas tecnologias
  • Gestão de Dados: integra e organiza informações nacionais e internacionais sobre o oceano, facilitando o acesso e o compartilhamento entre pesquisadores e gestores

Parcerias

Desde sua criação, o Inpo vem ampliando parcerias estratégicas no Brasil e no exterior. Entre os destaques, está o acordo firmado com a prefeitura do Rio de Janeiro (RJ), voltado ao monitoramento da costa carioca para avaliar temperatura, agitação marítima e elevação do nível do mar, uma iniciativa que contribui para tornar a cidade mais resiliente às mudanças climáticas. O projeto integra dados científicos ao planejamento urbano e à proteção das áreas costeiras, demonstrando como a ciência pode apoiar políticas públicas e soluções voltadas à adaptação climática.

No cenário internacional, a organização social assinou um memorando de entendimento com a Fundação OceanQuest, da Arábia Saudita, para fazer uma expedição científica inédita à Cadeia Vitória-Trindade (CVT), no Atlântico Sul. A missão, prevista para 2026, faz parte do Programa para Exploração do Mar Profundo, lançado pelo Inpo. O primeiro passo desse programa foi o Workshop Internacional sobre Pesquisa no Oceano Profundo, em março, no Rio de Janeiro, que reuniu pesquisadores brasileiros e estrangeiros para discutir estratégias, tecnologias e cooperação científica.  

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Outra frente de atuação é o Gêmeo Digital do Oceano (Digital Twin), um modelo virtual de alta resolução e em tempo real que permitirá simular o comportamento do ambiente marinho e suas interações com o clima, os ecossistemas e as atividades humanas. Com foco inicial no Atlântico Sul, o projeto é fruto da parceria entre o Inpo e a Mercator Ocean International, formalizada durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (UNOC3), em Nice, na França. O acordo marca o início de uma cooperação internacional inédita para a implementação do Gêmeo Digital no Brasil.

Consciência oceânica

Olhando para o futuro, o Inpo pretende ampliar sua atuação estratégica e fortalecer o papel do Brasil na agenda global da ciência oceânica. Segundo a diretora de Infraestrutura e Operações, Janice Trotte-Duhá, o desafio agora é transformar o conhecimento em benefícios concretos para a sociedade. “Inicialmente, queremos alavancar a capacidade nacional de gerar conhecimento sobre os oceanos e aplicá-lo, em benefício da nossa sociedade. Que possamos fomentar a visão sobre o que o oceano pode oferecer, suas potencialidades, seus serviços ecossistêmicos. E, assim, construirmos pontes entre a ciência, a sociedade e os governos.”

Além da produção científica, o Inpo tem se dedicado à popularização do conhecimento sobre o mar e à educação oceânica. Ele foi um dos protagonistas da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), promovida pelo MCTI de 21 a 26 de outubro, com a exposição Oceano: o Maior Mistério da Terra, uma experiência imersiva voltada a despertar o interesse do público pela ciência e pela importância do oceano.

Para a chefe de Comunicação do Inpo, Dominique Ribeiro, a data marca uma celebração institucional e um momento de fortalecimento da presença do instituto na sociedade. “O Inpo está completando dois anos e ainda é pouco conhecido pela população, que muitas vezes não tem noção da importância que o oceano tem para a vida e para a economia do País. Nosso desafio é ampliar essa visibilidade e aproximar as pessoas da ciência oceânica”, afirma Dominique.

Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

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Divulgadores científicos digitais recebem o Prêmio José Reis em edição especial alusiva à COP30

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O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), promoveu nesta quarta-feira (29) a cerimônia da edição especial do Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica, alusiva à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). O evento ocorreu no auditório do CNPq, em Brasília (DF), e integrou a programação do Seminário de Popularização e Divulgação Científica – 45 Anos do Prêmio José Reis, que segue até quinta-feira (30).

Com o tema Caminhos Científicos nas Mudanças Climáticas, a edição especial reconhece o trabalho de divulgadores de conteúdo digital que contribuem para disseminar informações qualificadas sobre as mudanças climáticas e seus impactos socioambientais. Pela primeira vez, o prêmio teve as mídias digitais como categoria única, destacando o papel crescente dessas plataformas na popularização da ciência.

A cerimônia contou com a presença do presidente em exercício do CNPq, Olival Freire, e da diretora de Cooperação Institucional, Internacional e Inovação do CNPq, Dalila Oliveira, que participaram da abertura oficial do seminário pela manhã. Olival destacou a importância histórica do Prêmio José Reis e o significado especial desta edição. “Eu quero enaltecer essa iniciativa porque ela é de múltiplos significados. Trata-se de um dos prêmios mais importantes da atividade científica brasileira e que sempre teve uma competitividade impressionante”, afirmou.

Debates destacam integração entre ciência e sociedade

Na sequência, ocorreu a mesa de discussão Como Construir e Executar Políticas Públicas de Popularização e Divulgação Científica?, com a participação do secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do MCTI, Inácio Arruda; da diretora de Popularização da Ciência, Tecnologia e Educação Científica, Juana Nunes; da superintendente Científica, Tecnológica e de Inovação da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF), Renata Vianna; e do coordenador dos Programas de Pesquisa em Educação, Popularização e Divulgação Científica do CNPq, Guilhermo Vilas Boas. A mediação foi feita pela diretora de Análise de Resultados e Soluções Digitais do CNPq, Débora Peres Menezes.

Durante a mesa, os participantes destacaram a importância de fortalecer políticas públicas voltadas à popularização da ciência e de ampliar o diálogo entre pesquisadores e sociedade. Para Inácio Arruda, a consolidação de programas de popularização científica é estratégica para o desenvolvimento do País e para reduzir a dependência tecnológica. “Desde a criação do Ministério da Ciência e Tecnologia, há 40 anos, percebemos a necessidade de valorizar a ciência junto à população”, ressaltou. Nenhuma nação emergente ou em desenvolvimento alcançou progresso sem uma forte base de produção científica e tecnológica”, afirmou o secretário.

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Além disso, a diretora Juana Nunes, explicou que o trabalho de articulação entre cultura, educação e ciência é fundamental para o fortalecimento das políticas públicas de divulgação científica. “Quando cheguei para essa função, trouxe experiência em gestão de políticas culturais e de educação, articulando diferentes áreas. Percebi claramente a dimensão de programas como a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas e a importância de integrar todas essas iniciativas”, destacou.

Já Guilhermo Vilas Boas, coordenador do CNPq, ressaltou a atuação do Conselho na promoção e articulação da divulgação científica, apontando caminhos para futuras políticas públicas. “O CNPq tem se articulado institucionalmente para fortalecer a divulgação científica, mostrando como esse tema tem sido tratado e como pretendemos colaborar com essas estruturas. A missão do CNPq é fomentar ciência, tecnologia e inovação, avançar nas fronteiras do conhecimento, promover desenvolvimento sustentável e fortalecer a soberania nacional”, destacou.

Premiação

No período da tarde, o seminário deu continuidade à programação com a entrega do Prêmio José Reis aos vencedores da edição especial. A primeira colocação deu direito a R$ 20 mil, enquanto a segunda recebeu R$ 10 mil. Todos os vencedores também receberam troféus e certificados, e o autor do terceiro melhor trabalho foi contemplado com menção honrosa.

O vencedor da premiação foi Marcos Paulo Belançon, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, com o projeto Lógica Eco; o segundo foi Josinaldo Reis do Nascimento, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, com o trabalho Projeto Mexericos na Maré; e o terceiro foi Heloá Caramuru Carlos, da Universidade Federal Fluminense, com o projeto Série Mudanças Climáticas do Podcast Biologia In Situ: Democratizando os Caminhos da Ciência para Enfrentar a Crise do Clima.

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A entrega dos prêmios contou com a participação da secretária de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI, Andrea Latgé, que destacou a importância da iniciativa e da parceria com o CNPq. “Estamos nesse processo para a COP30, que é uma grande oportunidade de fazer divulgação científica sobre mudanças climáticas. Conseguimos levar informação para crianças, promover discussões nas universidades e dentro do governo, o que vem enriquecendo muito a contribuição que o Brasil pode dar para enfrentar esse grande desafio que é a mudança climática”, afirmou Andrea Latgé.

O Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica é destinado a iniciativas que contribuem para tornar a ciência, a tecnologia e a inovação conhecidas do grande público. O nome do prêmio presta homenagem ao médico, pesquisador, jornalista e educador José Reis, que conciliou uma carreira de renome internacional com o trabalho de explicar a ciência de forma didática e acessível por meio da imprensa.

Após a premiação, ocorreu a mesa A História da Divulgação Científica no Brasil: 45 anos do Prêmio José Reis, que contou com a presença da chefe da Assessoria Especial de Comunicação Social do MCTI, Ana Cristina Santos. Durante sua participação, Ana falou sobre jornalismo e divulgação científica, voltado para a experiência da Ascom do MCTI, em que compartilhou a trajetória da comunicação institucional do ministério e seu papel na valorização da ciência brasileira.

Ela destacou que, desde 2023, a equipe buscou integrar a comunicação pública e o bom jornalismo como ferramentas para fortalecer a divulgação científica e combater o negacionismo. “Pensamos em como poderíamos contribuir para fomentar ações de popularização e divulgação da ciência. Buscamos orientar nossa comunicação em alguns princípios, e nossa principal preocupação era despertar no povo brasileiro um sentimento que é inato dele: o respeito e o amor pela ciência, depois de passar por um momento de muito negacionismo”, afirmou Ana Cristina.

Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

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