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Governo do Brasil apresenta Estratégia Mulheres e Clima na COP30 e anuncia edital inédito de justiça climática com foco em gênero

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O Ministério das Mulheres apresentou nesta quinta-feira (20), durante o Dia de Gênero (Gender Day) da COP30, em Belém (PA), a Estratégia Transversal Mulheres e Clima e anunciou um edital inédito de justiça climática voltado ao fortalecimento de organizações da sociedade civil lideradas por ou voltadas às mulheres. A sessão ocorreu na Zona Verde, no Auditório Jandaíra, com participação de autoridades federais, estaduais, organismos internacionais e sociedade civil.

Ao iniciar seu discurso, a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, demarcou a importância do Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, e ressaltou que a justiça climática precisa enfrentar também o racismo ambiental. “A crise climática é atravessada por gênero e por raça, e não há ação climática eficaz sem colocar mulheres, meninas e pessoas afrodescendentes no centro das decisões. Hoje, de fato, é um dia especial, muito significativo, um dia da consciência negra, onde nós temos que reverenciar nossos ancestrais e todo o Brasil como país que escravizou seu povo. O que agora temos como responsabilidade é assumir a igualdade racial como uma meta, como uma prioridade efetiva e concreta”, destacou.

“É um dia que nos faz lembrar que, se ainda tem territórios que não têm saneamento e acesso à saúde, se ainda tem mulheres que sofrem feminicídio ou defensoras do clima que estão com suas vidas ameaçadas, nós temos muito que caminhar”, complentou a secretária-executiva do Ministério da Igualdade Racial (MIR).

Estratégia transversal para orientar políticas e financiamentos

Elaborada no âmbito do Plano Clima (2025–2035), a Estratégia Mulheres e Clima é o primeiro marco nacional que orienta a integração da perspectiva de gênero em todas as etapas da política climática brasileira. O documento reconhece que a crise climática amplia desigualdades e atinge mulheres e meninas de forma desproporcional ao mesmo tempo em que valoriza o protagonismo feminino nas soluções de adaptação, mitigação e proteção dos territórios.

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“Mulheres rurais, indígenas, quilombolas e tradicionais estão em maior risco de insegurança alimentar e de deslocamentos forçados. Isso é resultado direto do racismo ambiental. Mas é igualmente importante afirmar que as mulheres não são apenas vítimas da crise climática; elas são as guardiãs das soluções”, destacou Márcia Lopes.

A Estratégia Mulheres e Clima estabelece diretrizes para que União, estados e municípios incorporem gênero e raça em políticas, planos, programas e financiamentos relacionados à ação climática. Entre os eixos apresentados estão mitigação com justiça de gênero e garantia de transição justa; adaptação integrada considerando desigualdades estruturais e vulnerabilidades específicas; fortalecimento do protagonismo feminino na gestão de riscos, emergências e desastres; além de indicadores, protocolos e instrumentos regulatórios para uma governança climática inclusiva.

A versão final da Estratégia será disponibilizada para consulta pública na plataforma Brasil Participativo em dezembro de 2025, com objetivo de ampliar o diálogo federativo e a participação social, incluindo organizações de mulheres, juventudes, academia e povos e comunidades tradicionais.

Edital de Justiça Climática para Mulheres

No mesmo evento, o Ministério das Mulheres anunciou o Edital de Justiça Climática para Mulheres, iniciativa inédita desenvolvida em parceria com a ONU Mulheres. O anúncio foi feito pela ministra Márcia Lopes ao lado de Ana Carolina Querino, da ONU Mulheres, destacando o compromisso conjunto de financiar respostas locais lideradas por mulheres.

Com previsão de publicação em dezembro de 2025, a chamada selecionará projetos de organizações da sociedade civil com valores entre R$ 80 mil e R$ 150 mil. O edital vai apoiar ações que promovam justiça climática na perspectiva de gênero, com foco em prevenção, adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, além de iniciativas de autonomia econômica e participação política de mulheres no contexto da crise climática.

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Os projetos poderão se inscrever em três eixos: adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas sobre mulheres e seus territórios; prevenção, gestão de riscos e redução de desastres climáticos com foco em mulheres; e autonomia econômica e participação política das mulheres diante da crise climática.

Ao encerrar a atividade, a ministra enfatizou a necessidade de ampliar recursos diretamente às mulheres e seus territórios. “Ainda precisamos avançar no financiamento climático sensível à raça e ao gênero, que chegue às mãos das mulheres e sustente seus territórios. Que esta COP30 deixe um recado claro: não existe justiça climática sem justiça de gênero e raça, e não existe futuro sustentável sem as mulheres afrodescendentes orientando o nosso caminho”, destacou.

O painel teve a mediação da secretária nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política (Senatp/MMulheres) e também contou com a presença da enviada especial de Direitos Humanos e Transição Justa na COP30, Denise Dora; da secretária de Mulheres do Estado do Pará, Paula Gomes; da diretora de Políticas de Mitigação e Instrumentos de Implementação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Lidiane Rocha de Oliveira Melo; e a diretora do Instituto Alziras, Michelli Ferreti.

 Assista ao evento:

Fonte: Ministério das Mulheres

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Contra o racismo e a violência: um 20 de novembro de compromisso com as mulheres

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Hoje, no Dia da Consciência Negra, celebramos a história, a força, as lutas e a imensa contribuição das pessoas negras para o Brasil, em especial das mulheres e meninas, que sustentam a vida cotidiana, constroem cultura, ciência, trabalho e afeto em todos os cantos do país. Este é um dia de homenagem, mas também de compromisso: lembrar que a igualdade racial e de gênero ainda não é uma realidade e que seguir lutando por ela é uma tarefa de toda a sociedade.

Os dados mostram com clareza o que as mulheres negras conhecem na pele. No Brasil, elas são a maioria das vítimas de homicídios de mulheres e de feminicídios, respondendo por cerca de dois terços desses crimes, além de estarem entre as principais vítimas de violência sexual e outras formas de agressão. Esses números não são estatística fria; revelam um padrão de violência que atinge com mais força quem vive na interseção entre racismo e desigualdade de gênero.

O racismo cala, sufoca e mata. Ele impõe limites para a existência das mulheres negras, define quais espaços podem ocupar, quais salários podem receber, quais oportunidades lhes serão negadas e quais corpos serão tratados como descartáveis. Quando se soma à desigualdade de gênero, o resultado é uma vida permanentemente atravessada pelo medo, seja em casa, nas ruas, nos transportes, no trabalho ou nas redes.

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Este 20 de novembro também marca o início dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência e do Racismo contra as Mulheres, uma jornada que segue até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Ao longo desses dias, de modo especial, queremos afirmar que não aceitaremos que o racismo e o sexismo sigam organizando o presente e o futuro de mulheres e meninas, sobretudo negras. Cada ação, cada política, cada mobilização precisa estar à altura da urgência que essa realidade nos impõe.

A dimensão deste dia é profundamente política. Valorizar a vida das pessoas negras não é apenas reconhecer sua importância simbólica, é enfrentar as estruturas que produzem desigualdade e violência. É lutar por um Brasil em que cor e gênero não definam quem tem mais chances de viver, de estudar, de trabalhar, de circular com segurança, de ocupar a política e de sonhar sem medo. Nosso compromisso, no Ministério das Mulheres, é atuar para eliminar o cenário que castiga e destrói a vida de mulheres e meninas, transformando indignação em política pública e proteção concreta.

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Às mulheres e meninas negras, deixo meu respeito e o compromisso de que esta luta não será abandonada. Vocês estão no centro da nossa agenda e da nossa esperança, com a liderança do Presidente Lula. Seguiremos trabalhando para que o direito a uma vida livre de violência, de racismo e de discriminação deixe de ser promessa e se torne realidade cotidiana.

Márcia Lopes

Ministra das Mulheres

Fonte: Ministério das Mulheres

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