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Por Alisson Gonçalves

O presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), Diogo Leite Sampaio, divulgou uma nota oficial nesta quarta-feira 22.01,  na qual rebate as declarações do prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini, que culpou os médicos pelo caos vivido no Sistema de Saúde da capital.

Na manifestação, o CRM-MT expôs uma série de problemas estruturais e administrativos que comprometem o atendimento à população e condenou a postura do gestor municipal.

De acordo com o CRM-MT, há uma confusão promovida pelo prefeito em relação às funções das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Policlínicas.

Enquanto as UBSs têm como objetivo atuar na Atenção Primária, as UPAs atendem urgências e emergências, funcionando como prontos-socorros.

A tentativa de direcionar pacientes classificados como de risco verde nas UPAs para as UBSs, segundo o Conselho, é imprudente e coloca vidas em risco, já que essas unidades não possuem infraestrutura adequada para esse tipo de atendimento.

O Conselho destacou que a Atenção Primária foi sucateada ao longo dos anos, deixando as UBSs em situação crítica.

“Hoje, o médico que atende em uma UBS dispõe apenas de uma caneta e um bloco de receituário. Exames básicos demoram um, dois ou até três anos para serem realizados, o que leva os pacientes a lotarem as UPAs em busca de soluções para seus problemas de saúde”, aponta o CRM-MT.

Um dos exemplos citados na nota é o bairro Pedra 90, onde as UBSs 3 e 4 estão em reforma há oito anos sem previsão de conclusão.

Além disso, a Prefeitura autorizou a criação de 100 equipes de Atenção Primária, mas até o momento nenhuma delas foi efetivada.

O Conselho também criticou falhas no software utilizado para registro de atendimentos nas UBSs, que acabam prejudicando a avaliação do trabalho realizado pelos profissionais.

Para o CRM-MT, as críticas do prefeito contra os médicos e as ameaças de demissão configuram uma tentativa de desviar a atenção da verdadeira causa do caos: a falta de investimentos, planejamento e estrutura no sistema de saúde municipal.

O Conselho ainda ressaltou que esse discurso contribui para o aumento da violência contra os profissionais de saúde, com dados do Conselho Federal de Medicina (CFM) indicando um caso de agressão registrado a cada três horas no Brasil.

O CRM-MT finalizou a nota afirmando que seguirá atento e cobrando medidas concretas da Prefeitura para reverter a situação da saúde pública em Cuiabá.

Segundo o Conselho, o problema é complexo e exige soluções estruturais, e não ataques aos médicos que, mesmo com condições precárias, continuam prestando atendimento à população.