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Trabalhadoras domésticas são quase 6 milhões no país e 64,5% delas recebem menos do que um salário mínimo

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As trabalhadoras domésticas são a principal categoria da força de trabalho remunerada de cuidados no Brasil: representam 25% do total. No entanto, 64,5% delas recebem menos que um salário mínimo, ou seja, quase dois terços. O estudo inédito apontou as condições precárias, as desigualdades salariais e o desgaste físico e mental das trabalhadoras domésticas. A pesquisa ouviu 665 trabalhadoras domésticas em todo o país por meio de questionário, que revelou que 75% delas atuam sem carteira assinada. A  informalidade acentuada é atribuída à falta de regulamentação e vulnerabilidade dessas profissionais, que as impede de reivindicar direitos básicos.

O racismo estrutural também ficou evidenciado na pesquisa, já que a maioria das trabalhadoras domésticas são negras. As desigualdades são ainda maiores nas regiões Norte e Nordeste, onde as remunerações também são menores. 

O estudo foi encomendado e conduzido pelo Ministério Desenvolvimento Social e Combate à Fome, pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela Federação Internacional das Trabalhadoras Domésticas (FITH), em parceria com a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad).

A publicação do estudo coincide com a implementação da Política Nacional de Cuidados (Lei 15.069/2024), que reconhece oficialmente as trabalhadoras domésticas como profissionais do cuidado e as considera público prioritário. O Plano Nacional de Cuidados está em construção com a coordenação dos ministérios das Mulheres e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. A iniciativa é apontada como um marco civilizatório para romper a herança histórica de invisibilidade e desigualdade.

Perfil das trabalhadoras domésticas
Embora o Brasil tenha regulamentado medidas para a valorização da categoria, que conta com quase 6 milhões de trabalhadoras domésticas, como a Emenda Constitucional nº 72 (2013) e a Lei Complementar nº 150 (2015), que ampliaram os direitos delas; e ainda, ratificado a Convenção 189 da OIT, que estabelece padrões internacionais de trabalho decente para a categoria, inclusive proteção aos abusos e desigualdades, elas ainda contam com remunerações aquém da realidade. 

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A categoria é majoritariamente formada por mulheres que representam 90% da força deste trabalho, sendo 66% negras. Os baixos salários, a informalidade e a desproteção são generalizadas e apenas 25% têm carteira assinada (CLT) e somente 36% contribuem com a Previdência Social. Elas também são a principal categoria remunerada de cuidados (25% do total). 64,5% recebem menos que um salário mínimo. 57,1% delas são chefes de família, sendo 34% são mães solo e únicas provedoras do lar. Sete em cada dez trabalhadoras domésticas relatam sofrer cansaço crônico, resultado das jornadas extenuantes (em casa e fora) e da sobrecarga física e emocional.

Salários
Em relação à proporção de trabalhadoras/es domésticas/os com remuneração abaixo do salário mínimo as regiões têm os seguintes percentuais: Norte, 83,1%; Nordeste. 88,3%; Centro-Oeste, 54,6%; Sudeste, 55,5%; e Sul 51,8%. A média nacional é de 64,5%. A remuneração média nacional é de R$ 1.073,62, mas o valor varia de acordo com cada região do país:

  • Sul – R$ 1.287,95 

  • Centro-Oeste – R$ 1.207,12

  • Sudeste – R$ 1.200,57

  • Norte – R$ 849,51

  • Nordeste – R$ 709,40

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Outras iniciativas
A pauta das trabalhadoras domésticas também é tema de colegiado no Ministério das Mulheres e de iniciativa junto a outras pastas para capacitação e qualificação profissional direcionada a elas.

O Fórum para Diálogo com Trabalhadoras Domésticas Remuneradas do Ministério das Mulheres tem por objetivo implementar estratégias de fortalecimento de políticas públicas direcionadas a elas. Além da ampliação da participação social das trabalhadoras domésticas, o fórum prevê formação e qualificação para o segmento. O colegiado debate também estratégias para construção de subsídios para fomento de políticas que atendam as necessidades da categoria considerando as dimensões de gênero e raça. As articulações para a promoção do trabalho digno para essas trabalhadoras também passam pelo fórum. 

Já o Programa Nacional Mulheres Mil tem por objetivo promover a formação profissional e tecnológica articulada com aumento da escolaridade de mulheres em situação de vulnerabilidade social. Além dos cursos de formação inicial e continuada (FIC) e qualificação profissional, o programa inclui em sua oferta os cursos de educação profissional técnica de nível médio. A iniciativa é uma parceria dos ministérios da Educação; das Mulheres; do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; dos Direitos Humanos e da Cidadania; e do Trabalho e Emprego. O programa reservou 900 vagas exclusivas para as trabalhadoras domésticas, em 2024 e outras 10 mil em cursos de cuidado em 2025.

 

 

Fonte: Ministério das Mulheres

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Ministério das Mulheres realiza visita técnica na Casa da Mulher Brasileira em Salvador e reafirma implantação de três novas unidades na Bahia

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O Ministério das Mulheres realizou, nesta terça-feira (8), uma visita técnica à Casa da Mulher Brasileira (CMB), em Salvador (BA), com o objetivo de verificar o funcionamento da unidade e dialogar com os órgãos que integram a Rede de Atendimento à Mulher em situação de violência no estado. A agenda também reforçou o compromisso do Governo Federal com a expansão da política: três novas casas serão implantadas nos municípios de Itabuna, Irecê e Feira de Santana, com processos já em andamento.

A visita foi conduzida pela secretária das Mulheres do Estado da Bahia, Neusa Cadore, e contou com a participação da secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, Estela Bezerra; da coordenadora-geral de Fortalecimento da Rede de Atendimento do Ministério das Mulheres, Maura Souza; e de Vanda Pignato, ex-ministra e primeira-dama de El Salvador, fundadora da Ciudad Mujer – projeto que inspirou a criação da Casa da Mulher Brasileira.

Inaugurada em 19 de dezembro de 2023, a unidade de Salvador já realizou mais de 20.500 atendimentos a mulheres em situação de violência. A CMB funciona em regime de gestão compartilhada entre o Governo do Estado e a Prefeitura, por meio de convênio com o Governo Federal. Durante a visita técnica, as gestoras destacaram um dado relevante: em 2024, houve uma redução de 55% no número de feminicídios na capital e na Região Metropolitana. A atuação da Casa da Mulher Brasileira pode estar associada a esse resultado positivo, ao oferecer atendimento humanizado e integrado, contribuindo para o rompimento do ciclo de violência.

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A secretária Estela Bezerra destacou a importância da interiorização da política na Bahia. “Essa política pública, que conseguiu a redução dos feminicídios aqui na área metropolitana, pode e merece ser interiorizada, porque 55% de redução é o que a gente precisa no Brasil inteiro. O Governo Federal já liberou três novas Casas da Mulher Brasileira para a Bahia, e o Governo do Estado está vencendo a parte burocrática. É impossível convivermos com essa chaga social, que é o extermínio de mulheres pelo simples fato de serem mulheres”, afirmou.

Para a secretária Neusa Cadore, o funcionamento da unidade tem impacto direto nesse resultado. “Este é um equipamento fantástico, onde a mulher encontra atendimento humanizado e uma série de serviços em um só lugar. Isso faz com que ela se encoraje, denuncie e encontre meios de enfrentar e romper esse ciclo de violência. Estar aqui com o Ministério das Mulheres e toda a nossa rede nos inspira a continuarmos ampliando essa e outras políticas públicas de proteção e defesa da vida das mulheres”, disse.

Curso sobre violência política de gênero e raça

Além da visita técnica, a Casa da Mulher Brasileira sediou, nesta segunda e terça-feira (8), o curso “Violência política de gênero e raça”, promovido pela Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado da Bahia (SPM), em parceria com o Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (Neim/Ufba). A formação teve como objetivo capacitar profissionais e lideranças para reconhecer, prevenir e enfrentar as múltiplas formas de violência política que afetam mulheres, em especial aquelas que pertencem a grupos historicamente minorizados.

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A atividade integra as ações do Grupo de Trabalho Intersecretarias, vinculado ao Plano Plurianual 2024-2027, que trabalha na construção do Plano Estadual de Prevenção e Enfrentamento à Violência Política de Gênero e Raça. 

A formação abordou temas como estudos de gênero e raça, representatividade nos espaços de poder e violência política, e servirá de base para o diagnóstico que orientará o plano. A iniciativa parte do reconhecimento de que a presença feminina na política ainda é minoritária — em 2022, as mulheres representaram apenas 17% das eleitas no Brasil e 12% no Nordeste, com um índice de 7,7% na Bahia em 2018 — cenário ainda mais desafiador para mulheres negras, indígenas, trans, quilombolas e periféricas.

Sobre a Casa da Mulher Brasileira

A Casa da Mulher Brasileira, em Salvador, funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, ao lado do Hospital Sarah. A Casa oferece atendimento multidisciplinar a mulheres vítimas de violência doméstica, por meio de órgãos como o Ministério Público, Defensoria Pública, Delegacia Especializada (Deam), 5ª Vara de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça, Batalhão de Proteção à Mulher Maria da Penha, além de contar com abrigamento temporário e acolhimento psicossocial.

 

Fonte: Ministério das Mulheres

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