CULTURA

Olímpio Bezerra resgata peças do lixo e as transforma em suportes para universos líricos

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Em tempos de pandemia, exposição de Olímpio traz alento aos olhos e coração

O que já parecia não ter mais utilidade, com Olimpio Bezerra ganha um novo sentido. O artista nascido em São Paulo, mas radicado em Cuiabá, é perito em dar vida a peças descartadas.

Cenas românticas dos rincões do Brasil ganham novo destaque na exposição “Lembranças”, em cartaz no Foyer do Cine Teatro, entre os dias 1º e 15 de abril. A mostra está aberta à visitação, de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h e aos sábados, das 9h às 12h.

Seguindo rigorosos protocolos sanitários, tem lotação limitada a 30 pessoas. Além de estações com álcool gel disponíveis, será realizada a aferição de temperatura com termômetro infravermelho e o uso de máscaras é obrigatório.

Pedaços de madeiras, objetos e móveis que foram parar no lixo, como portas de armário, cabeceiras de cama e discos de vinil, a partir de sua intervenção, passam a “sediar” universos líricos onde seus personagens convivem harmonicamente com a natureza e cenários repletos de cores.

Suas peças são permeadas por uma aura de nostalgia, que cujas memórias o conectam ao tempo em que viveu no interior de São Paulo, das situações cotidianas do campo.

O artista declara que a exposição “Lembranças”, é um mergulho na infância. “Nestes tempos tão difíceis, quero compartilhar minha arte repleta de emoções positivas. Esse tempo me devolve tantos prazeres naturais de criança esperta que sobe em pé de fruta, pula da ponte e mergulha no rio. Que cavalga em pangaré, cata lenha para a fogueira, de jovem que namora nas praças, sentado em namoradeiras, em frente ao coreto de praças”.

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E de outro lado, o artista enfatiza que o projeto selecionado em edital da Lei Aldir Blanc, realizado pela Secretaria de Estado de Cultura, Esportes e Lazer (Secel-MT), também estimula a consciência ambiental.

“Ao reciclar objetos de descarte em lixões estou colaborando com a preservação do meio ambiente e nessa prática, acabo por revisitar um passado recente onde não perdíamos nada e nem jogávamos fora mobiliário que, em muitos casos, eram herança de família”.

Olímpio conta que tem o costume de sempre recordar a infância na roça. “Faço isso para me alegrar ou para contar aos meus filhos e netos as melhores aventuras. Parte da minha infância foi na roça e as doces lembranças que trago comigo daqueles tempos são daquele período e lugar. O título dessa exposição é para lembrar o passado”, explica.

O crítico de arte Oscar D´Ambrosio assina o prefácio do catálogo, ressaltando a relação afetiva de Olímpio e suas obras. “Na sua visão harmoniosa do mundo, o artista constrói um universo pessoal em que as raízes das profundezas do Brasil vêm à tona com toda força e beleza”.

Já o secretário de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT), Beto Machado, destacou a importância da mostra inédita. “Olímpio é um dos nomes mais importantes da arte naïf em Mato Grosso. Sua arte singela, repleta de simplicidade e cores, enche os olhos e o coração em um tempo tão crítico do ponto de vista social”.

Então, quem estiver de passagem pelo Centro de Cuiabá não deve perder a oportunidade de apreciar as novas obras do artista que tem no currículo dezenas de exposições em várias regiões do país, como a Bienal Naif de São Paulo e exposições internacionais em museus de Nápole (Itália), Nice (França) e Pequim (China).

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Autodidata

Olímpio dos Santos Bezerra é artista plástico há 30 anos, a primeira exposição aconteceu em 1977, com a participação no Salão de Embu (SP), onde recebeu menção honrosa.

Autodidata, natural de Araçatuba (SP), tem o currículo recheado de prêmios e medalhas. Suas telas integram acervos nos Estados Unidos, França, Grécia, Alemanha e Itália.

No Salão Jovem Arte Mato-grossense diversas participações. Ele foi um dos organizadores do acervo do Museu Rondon de Araçatuba (SP). Na década de 1980 viajou com o cantor Belchior divulgando a ecologia no Rio Grande do Sul.

Foi também nesta década que participou de eventos voltados à arte primitiva na Europa. Suas obras em diferentes suportes e formatos evidenciam não só o interior de São Paulo, como também o interior de Mato Grosso, em imagens que espalham alegria, e cores intensas.

A mostra foi selecionada em edital da Lei Aldir Blanc, idealizado pelo Governo de Mato Grosso, via Secretaria de Estado de Cultura, Esportes e Lazer (Secel-MT) em parceria com o Governo Federal, via Secretaria Nacional de Cultura do Ministério do Turismo.

Serviço:

Exposição “Lembranças”

De 1º a 15 de abril – entrada gratuita

Foyer do Cine Teatro

Visitação de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h e aos sábados, das 9h às 12h

Informações: (65) 99212-5009 / 99925-8248 / 99284-0228

Lidiane Barros
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Cidades

Diretor artístico do Flor Ribeirinha representará MT em encontros amazônicos em Parintins

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Por Malu Sousa

O trabalho desenvolvido por grupos e mestres vinculados a comunidades tradicionais de Mato Grosso que como o Flor Ribeirinha tem feito a diferença em seu território e conquistado prêmios internacionais que chamam a atenção de outros importantes centros de cultura popular do país, no caso de Parintins, no Amazonas, conhecida também como a “terra da magia”. É lá que o Caprichoso e o Garantido disputam anualmente o título de melhor boi do Festival Folclórico, tido como o maior evento de folclore a céu aberto do mundo.
E para compartilhar as experiências no âmbito da cultura popular tradicional de Mato Grosso, é que segue para lá, o gestor cultural e diretor artístico da Associação Cultural Flor Ribeirinha, Avinner Silva. Ele participará a convite no dia 26 de abril, do “Encontro Amazônico de Cultura Popular” e “Movimento Grito da Periferia”, no dia 29 de abril a 1º de maio, realizados pelo Instituto Cultural Ajuri (INCA), em parceria com a Cia de Artes Amazônia Viva.
Avinner destaca que o momento é singular, pois os eventos promovem, além de um grandioso intercâmbio cultural, a divulgação de estudos e pesquisas sobre o Boi Bumbá de Parintins e de danças do Norte. Com representantes de vários estados brasileiros, os participantes terão rodas conversas, oficinas e pesquisa de campo sobre a Alvorada do Boi Bumbá Garantido, evento tradicional da cidade, tendo como público-alvo, grupos de dança, pesquisadores da cultura popular e trabalhadores da cultura da região norte do Brasil. Além disso, o gestor frisa o reconhecimento do poder público na iniciativa, através do apoio da Secretaria de Estado de Cultura de Mato Grosso. “E o Flor Ribeirinha tem também muito a contribuir. Ao tempo em que cultiva expressões da cultura popular, de danças e músicas tradicionais, como o siriri, promove pesquisas ampliadas de danças de todas as regiões do país”, conta Avinner.
Sobre a proximidade entre as realidades de Parintins e Cuiabá, sob a perspectiva da tradição, ele lembra que a ancestralidade indígena presente na cultura de São Gonçalo Beira Rio é tão marcante quanto em Parintins. “E além disso, o Festival de Parintins já foi inspiração para gente. Um exemplo é a coreografia ‘Celebração da fé’, do Flor Ribeirinha, que bebe na fonte do trabalho artístico do Boi Bumbá Garantido de Parintins”. Essa é a mesma coreografia que compõe o repertório tetracampeão mundial, conquistado na Coreia do Sul, em 2023. “E já nos contaram que foi juntamente essa apresentação que repercutiu bastante e chamou a atenção de produtores culturais do Amazonas”, informa Avinner.

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Vivência e pesquisa – O gestor cultural e diretor artístico do Flor Ribeirinha, Avinner Silva, é cuiabano nato de São Gonçalo Beira Rio. Vivencia e pesquisa as mais variadas práticas da cultura popular de Mato Grosso e do Brasil. É produtor e gestor Cultural, coreógrafo e diretor artístico.
Neto da Mestra da Cultura e Dra Honoris Causa, Dona Domingas Leonor da Silva, Avinner atua há mais de 20 anos no Grupo Folclórico Flor Ribeirinha. Junto ao grupo, viajou para mais de 20 países e se consagrou tetracampeão mundial de danças folclóricas, sendo na Turquia em 2017, Polônia em 2021, Bulgária em 2022 e Coreia do Sul em 2023. Atualmente é presidente do Instituto Nandaia, Organização Social formada pelos grupos de Siriri consagrados de Cuiabá.

Fotos: Eduardo Andrade

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