AGRONEGÓCIOS
Dólar acima de R$ 6: impactos positivos e desafios para o agronegócio brasileiro
O dólar comercial encerrou esta sexta-feira (29) cotado a R$ 6,11, consolidando-se em um patamar que traz tanto vantagens quanto desafios ao agronegócio brasileiro. A valorização da moeda norte-americana, a maior desde 2020, reflete um cenário de instabilidade global, mas principalmente pressões domésticas, por conta do pacote de ajustes dos gastos do governo, anunciado no meio da semana.
Para os produtores e exportadores de commodities, um dólar alto é, sem dúvida, uma boa notícia. A valorização da moeda aumenta a competitividade do Brasil no mercado internacional, reduzindo os custos relativos para importadores e elevando a receita em reais.
Produtos como soja, milho, carne bovina, açúcar e café — principais itens da pauta de exportação do agronegócio — ganham destaque. No acumulado de 2024, as exportações de carne bovina, por exemplo, já bateram recorde ao atingir 2,4 milhões de toneladas entre janeiro e outubro. Com o câmbio favorável, a tendência é que a receita em reais aumente, mesmo que o volume exportado permaneça estável.
Adicionalmente, o dólar valorizado pode abrir novas oportunidades em mercados onde a concorrência com países como os EUA e a Argentina é intensa, favorecendo a inserção do Brasil em novos destinos, como o México, no caso da carne bovina.
Por outro lado, o dólar acima de R$ 6 também impõe desafios significativos, especialmente para o produtor rural. Insumos agrícolas como fertilizantes, defensivos químicos e máquinas são amplamente dependentes de importação. Com o câmbio desfavorável, esses itens se tornam mais caros, pressionando a margem de lucro dos produtores.
Estima-se que cerca de 85% dos fertilizantes utilizados no Brasil são importados. Com o dólar elevado, o custo por tonelada desses insumos pode comprometer o planejamento financeiro das próximas safras, principalmente para culturas como a soja e o milho, altamente dependentes desses produtos.
Além disso, o aumento dos preços dos combustíveis, também atrelados ao dólar, encarece o transporte e a logística, reduzindo a competitividade no mercado interno.
A alta do dólar também tem efeitos negativos no consumo interno, já que pressiona os preços dos alimentos derivados das commodities exportadas. Carne bovina, óleo de soja e açúcar, por exemplo, já registram altas significativas, reduzindo o poder de compra do consumidor doméstico.
Essa dinâmica pode limitar o crescimento do consumo interno, obrigando produtores e indústrias a buscar maior volume de vendas no mercado externo para compensar a demanda enfraquecida dentro do país.
Apesar dos desafios, o cenário de dólar valorizado também impulsiona a busca por soluções inovadoras no agronegócio. Entre elas, destaca-se o fortalecimento da produção nacional de insumos, como fertilizantes, e a diversificação das exportações para produtos de maior valor agregado.
O aumento na mistura do biodiesel no diesel, previsto para 15% em 2025, também surge como uma oportunidade. Esse movimento pode criar demanda interna por oleaginosas, reduzindo a dependência de mercados externos e incentivando o esmagamento local de soja.
O dólar acima de R$ 6 é um fator que oferece oportunidades significativas para o agronegócio brasileiro no mercado global, mas também acentua desafios estruturais e operacionais. O setor precisará equilibrar essas forças, apostando em inovação, eficiência e planejamento para manter sua relevância econômica e competitividade no longo prazo.
Para o produtor rural, a palavra de ordem é adaptação: maximizar as vantagens do câmbio nas exportações, enquanto busca estratégias para mitigar os custos elevados de produção.
Fonte: Pensar Agro
AGRONEGÓCIOS
Café brasileiro registra alta de 21,8% nas exportações e anima setor
O Brasil, maior exportador global de café, encerrou novembro de 2024 com um desempenho expressivo: foram embarcadas 4,9 milhões de sacas de 60 kg (considerando o café verde e solúvel), aumento de 21,8% em comparação com o mesmo mês de 2023. A receita cambial cresceu ainda mais, alcançando R$ 8,802 bilhões (US$ 1,467 bilhão), uma alta de 84,4%, segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
De janeiro a novembro, o acumulado de exportações chegou a 44,3 milhões de sacas, marcando um crescimento de 35,7% em volume frente ao mesmo período do ano anterior. A receita total do setor nesse período foi de US$ 11,2 bilhões, aumento de 54,66%. Esses números reforçam a relevância do café como uma das principais forças econômicas do agronegócio brasileiro.
O desempenho da cafeicultura brasileira está diretamente ligado aos avanços tecnológicos proporcionados por instituições como o Instituto Agronômico (IAC-Apta), de Campinas (SP). Reconhecido por sua contribuição ao setor, o IAC desenvolve soluções que vão desde novos porta-enxertos resistentes a parasitas até cultivares de alto rendimento e menor custo de produção.
Entre os destaques está o porta-enxerto IAC Herculândia, uma inovação que oferece resistência a três espécies de nematoides do gênero Meloidogyne – praga que causa sérios danos às lavouras em solos infestados. Essa tecnologia permite maior sanidade das plantas e produtividade, adaptando-se a diversas regiões cafeeiras do Brasil.
Além disso, novas cultivares de café arábica, como IAC 125 RN, IAC Obatã 4739 e IAC Catuaí SH3, aliam resistência a doenças, alta produtividade e características agronômicas que favorecem a sustentabilidade. “Essas inovações permitem reduzir custos com defensivos e ampliar a eficiência da produção, mantendo o Brasil competitivo no mercado internacional”, destaca Oliveiro Guerreiro Filho, pesquisador do IAC.
A produção de café no Brasil não apenas atende à demanda interna, mas também desempenha papel estratégico no mercado global. Soluções tecnológicas, como aquelas desenvolvidas pelo IAC, têm contribuído para a melhoria da qualidade do produto exportado, o que impulsiona os preços e a competitividade no exterior.
A cultivar IAC 125 RN, por exemplo, é resistente à ferrugem do cafeeiro e a nematoides, reduzindo o uso de defensivos químicos e favorecendo áreas de solos arenosos. Já a IAC Obatã 4739 combina resistência a várias raças de ferrugem com qualidade superior de bebida, alinhando-se às exigências do mercado de cafés especiais.
A sustentabilidade também é um foco, especialmente com a IAC Catuaí SH3, que reúne resistência à seca, qualidade de bebida e baixa necessidade de insumos químicos, sendo ideal para regiões com déficit hídrico.
O desempenho recorde das exportações brasileiras de café em 2024 reflete o impacto das tecnologias aplicadas ao campo e da eficiência dos produtores. Contudo, o setor ainda enfrenta desafios, como mudanças climáticas, variações no custo de insumos e oscilações no mercado global.
A integração entre pesquisa científica e prática agrícola continuará sendo fundamental para manter o Brasil como líder no setor cafeeiro. Inovações como o porta-enxerto IAC Herculândia e as novas cultivares reforçam a capacidade do país de superar barreiras e atender às demandas de mercados exigentes.
Com um crescimento consistente em volume e receita, o café reafirma sua importância estratégica para o agronegócio brasileiro, sustentando empregos, gerando divisas e consolidando o Brasil como referência global em qualidade e sustentabilidade.
Fonte: Pensar Agro
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