Diário de Cuiabá

Neurilan Fraga, presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) reclama que o governo estadual não consegue manter em dia os repasses da Saúde Básica às prefeituras e ameaça com um movimento de prefeitos para pressionar o Palácio Paiaguás. O secretário de Saúde de Mato Grosso, Luiz Soares, reconhece o atraso, justifica que assumiu o cargo recentemente e assegura que solucionará o impasse. 

Neurilan não tem números exatos, mas avalia que o atraso dos repasses gire em torno de R$ 20 milhões, “há programas com atrasos de oito e até nove meses”, lamenta. Ele acrescenta que em 2015 a situação foi a mesma, mas que o governador Pedro Taques garantiu que zeraria a pendência até abril deste ano, o que não aconteceu. 

Os atrasos, segundo Neurilan, não excluem nenhum dos programas da Saúde Básica, mas estariam prejudicando, sobretudo, o funcionamento pleno do Programa de Saúde da Família (PSF) e o programa de Saúde Bucal. O dirigente da AMM acrescenta que cobrou detalhamento dos atrasos à Secretaria de Estado de Saúde (SES), que teria pedido “algum tempo” para levantar a situação. 

Luiz Soares não nega tal fato. Porém, pede prazo para tomar pé da situação, uma vez que assumiu o cargo em 17 de março deste ano e teve pouco tempo para superar alguns gargalos em sua secretaria. Ele é o quarto titular da SES no governo de Pedro Taques. Antes dele foram nomeados Marco Bertúlio, Eduardo Bermudez e João Batista. 

REAÇÃO – Neurilan observa que há clima de insatisfação nas prefeituras pelos atrasos dos repasses. Segundo ele, se o governo não quitar as pendências até o próximo dia 19, haverá uma marcha de prefeitos sobre Cuiabá. “Até lá (dia 19) esperaremos”, apimenta. O dirigente da AMM revela que alguns prefeitos chegaram a defender que a manifestação acontecesse antes da XX Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, evento que será realizado por entidades municipalistas entre os dias 15 e 18 deste mês, mas que tal proposta foi descartada para dar mais prazo ao governo. 

O teor da manifestação, segundo Neurilan, será de cobrança e de conscientização da população sobre a realidade da Saúde Básica em Mato Grosso. Ele não citou nomes de prefeitos que já teriam aderido à manifestação, mas afiançou que se trata de posicionamento praticamente unânime, que ele preferia que não acontecesse, porque sua meta é uma só: a quitação. Porém – resume – “no pior dos cenários mostraremos a força do municipalismo”.